quinta-feira, 24 de junho de 2010

Milk - A Voz da Igualdade



A história do primeiro assumidamente gay a ser eleito para um cargo público americano.


Hoje eu e minha mulher aproveitamos que no Centro Cultural São Paulo estava ocorrendo a Primeira Mostra de Cinema LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros) e decidimos ir assistir Milk – A Voz da Igualdade, que nós desejávamos ver a algum tempo.

O filme inicia mostrando a violenta repressão que os gays sofreram nas décadas de 50 e 60 nos Estados Unidos. Agressões, violação de direitos civis e prisões sem motivo eram o protocolo padrão da policia quando encontravam homossexuais. Mostrando reportagens e fotos da época essa cena ajuda a colocar o expectador no clima do período onde o filme se passa. Ainda no inicio já nos é contado o final do filme, uma entrevista de 27 de novembro de 1978 do gabinete do prefeito confirma que Harvey Milk, primeiro homossexual assumido a se eleger para um cargo público e Moscone, o prefeito, foram assassinados.

Nisso voltamos um pouco no tempo e vemos Harvey Milk (Sean Penn) iniciando a gravação de suas memórias para que, no caso de ser assassinado, elas não se perdessem. Mais uma volta, agora para 1970 e vemos Milk na véspera de seu aniversario de 40 anos conhecer Scott Smith (James Franco) com quem começa a namorar. Nessa parte Milk é apenas um gay que busca não se expor demais com medo da repressão, já Scott é o jovem que não se mostra muito preocupado com isso e incentiva Milk a mudar seu modo de vida.

Buscando um lugar onde pudessem ser felizes juntos se mudam para Castro, um pequeno distrito de São Francisco. No inicio a recepção não é nada fácil, mas se antes Milk, preferia evitar confrontos escondendo seu modo de vida, agora ele decide fazer de Castro um lugar melhor para os gays que chegavam ali a cada dia. Criando listas de locais onde os gays eram bem tratados e onde não. Essa organização fazia com que  os que se mostrassem favoráveis progredissem já os outros ficavam sem clientes e logo fechavam as portas. Nessa parte é engraçado ver o boicote a uma marca de cerveja.

Agora Milk era considerado o prefeito de Castro, tamanha era sua importância para a comunidade. Porém sua influência ainda não era capaz de mudar as instituição locais e as violações dos direitos dos homossexuais ainda eram frequentes. Vendo que isso só ira mudar quando os homossexuais tivessem voz na política, assim como os negros estavam conseguindo no mesmo período, Milk decide se candidatar a supervisor, aparentemente um sub-prefeito local.

Na sua primeira tentativa, 1973, Milk se apresenta como o candidato assumidamente gay, saído de Castro e que não se adapta a nada, impondo seu modo de ser. Saindo derrotado, mas conseguindo uma boa quantidade de votos, Milk decide se candidatar novamente. Agora se apresentando um estilo mais “paz e amor”, falando com todos os públicos sejam eles homossexuais ou não, pregando sua ideia de igualdade não importando sua sexualidade.

Mais uma vez Milk saí derrotado, mas conseguindo mais votos ainda que anteriormente. Influenciado por seus amigos e vendo que diversos estados estavam derrubando leis que defendiam os homossexuais de discriminação, Milk se nega a desistir e entra para mais uma eleição. Porém essa escolha faz com que tenha que abrir mão de Scott que não conseguia mais conviver com a vida política de Milk.

Em 1977 devido a mudanças na legislação eleitoral, Milk se torna o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos. No resto do filme vemos Milk brigando com a direita conversadora americana que buscava de todas as formas eliminar os direitos dos homossexuais.

Milk – A voz da Igualdade, é um filme muito bom, que traz à tona o nascimento da luta contra a discriminação de homossexuais. Se hoje a discussão é se eles podem ter uma união civil há 30 anos atrás era tudo muito mais grave e ninguém tinham vergonha de ir em rede nacional e falar que esses “imorais depravados” não deveriam ter nenhum direito. Gostei de como ele trabalhou a evolução do personagem, de um cara que queria apenas um local onde poderia viver de sua forma até se tornar no defensor de uma causa muito maior que a mera questão sexual.
 
Sean Penn, mereceu seu Oscar por Milk, fazendo muito bem tanto as parte onde ele se mostra mais afetado quanto nas cenas mais sérias. Demonstrando bem a dedicação que Milk devotou a sua causa.

Na parte técnica gostei muito da montagem do filme, mesclando as filmagens atuais, com imagens, reportagens e filmes da época dando um clima documental ao filme, fazendo com que  o expectador sinta que está vivendo esse período.

Milk – A Voz da Igualdade, é um filme que tem uma mensagem muito boa de respeito às diferenças que ainda é muito atual em nosso mundo. Os que acharem a direita americana do filme muito caricata, ou até ultrapassada, procurem a cobertura da Copa do Mundo da Fox News e vejo como eles tão tratando a popularização do “soccer” na terra do Tio Sam.  Os discursos de Milk estão fazendo falta por lá.



Ficha:
Milk - A Voz da Igualdade

Nome Original: Milk
Diretor: Gus Van Sant
Elenco: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna.
Idioma: Inglês
Estréia: 30/01/2009 (20/02/2009 no Brasil)
Prêmios: Oscar de Melhor Ator (Sean Penn), Melhor Roteiro Original. Indicado ao Oscar de Melhor Figurino, Melhor Diretor, Melhor Montagem, Melhor Canção, Melhor Ator Coadjuvante (Josh Brolin) e Melhor Filme.
Cena: A revolta que Harvey incentiva e a usa para aparecer na midia como o pacificador. 
Frase: "Ola. Eu sou Harvey Milk e estou aqui para recruta-los."
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1013753/

1 comentários:

Profa Thaís disse...

O filme é muito interessante e mostra como o carater conservador da sociedade americana exclui muita gente nos EUA que se proclama a maior democracia do mundo e o país da liberdade. Quando a sociedade determina quem tem direito a liberdade e quem não tem, ela realmente existe?

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