domingo, 13 de junho de 2010

O Pianista



Um filme sobre o Nazismo, sobre a 2 Guerra.. não. Um filme sobre sobreviver...


Ontem descobri que estava ocorrendo no Centro Cultural São Paulo, uma mostra de filmes do Roman Polanski, e logo corri para ver quais filmes estavam passando. Entre boas opções, decide assistir O Pianista e tirando a senhora que decidiu dar lição de moral no meio do filme a uma jovem ali presente, a experiência foi muito boa.

Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody), um pianista polonês de origem judaica, interpreta peças de musica clássica para a radio de Varsóvia, durante o inicio da invasão alemã a Polônia. Contrariando ordens do governo de que todos os homens jovens devem se retirar e montar uma linha de defesa em outra cidade, decide permanecer em Varsóvia com sua família. Ao ouvir que Inglaterra e França iriam entrar do lado da Polônia na guerra contra a Alemanha a família comemora acreditando que logo tudo acabaria e eles teriam sua vida normal

Com esse espírito Szpilman tenta manter sua vida normalmente enquanto a Polônia é ocupada pelo exercito nazista. Num passeio acompanhado por Dorota (Emilia Fox), uma admiradora de seu talento, começamos a ver o deterioramento dos direitos dos judeus, são proibidos a entrar em bares, no parque e até mesmo em sentar em bancos públicos.

As restrições aos judeus vão aumentando com o tempo, indo da restrição de posse de valores, a obrigatoriedade de carregarem a estrela de Davi no braço para serem facilmente identificados, a proibição de andar até mesmo nas calçadas e culmina que em 31 de outubro são obrigados a viver numa área restrita, o Gueto de Varsóvia.

A vida no gueto não é igual para todos, vemos as famílias mais ricas terem certas regalias, temos até um restaurante que os com mais posses frequentam e onde inclusive Szpilman é contratado para entreter os fregueses, no entanto a maioria vive na pobreza. Todas as cenas no guetos, vemos pedintes, doentes e a medida que o filme avança cada vez mais corpos espalhados no plano de fundo. Além da restrição de movimentação e de alimentos, os judeus são obrigados a conviver também com humilhações e com frequentes ameaças de morte. A cena onde a (possivelmente) SS invadi uma casa e joga pela janela um senhor invalido pois não se levantou da sua cadeira de rodas retrata bem a sensação de que a vida humana não tinha o menor valor naquele local.

Com o avanço da guerra e adoção da Operação Reinhard, o gueto é esvaziado e as famílias judias são levadas de trem para Treblinka. Durante o embarque da família de Szpilman, um dos policiais judeus o retira  da zona de embarque, permitindo que ele ficasse no gueto e trabalhasse como escravo na reconstrução do local.

Durante o trabalho, reencontrando um conhecido da resistência polonesa que o informa sobre o extermínio de judeus em Treblinka, para onde a família Szpilman foi enviada, e também que em breve iriam se rebelar contra os alemães. Szpilman decide colaborar com a resistência e ajuda na entrada e a esconder armas no gueto. Num dos trabalhos na borda do gueto Szpilman vê uma velha amiga e cansado das humilhações e ver seus companheiros serem mortos sem motivo algum, decide fugir do gueto.

Contanto com a ajuda de amigos não judeus, ele consegue se esconder fora do gueto. Nesse momento o filme adquire o tom que ira levar até o final, com Szpilman se escondendo, buscando se alimentar e sendo espectador dos eventos na guerra.

O Pianista é um bom filme sobre a Segunda Guerra Mundial, que prefere contar a historia de um dos civis que estavam lá e não de algum militar. Outra saída interessante do filme é que ele evita trazer o sofrimento para o plano principal, os mortos, os feridos e afins estão sempre na cena, mas como um complemento dela e não como o foco, claro que temos a cena do invalido sendo jogada pela janela e diversos homicídios, mas a sensação é que estamos na pele de um dos envolvidos na cena e por isso estamos vendo isso e não que Polanski quis colocar algo para comover o público.

Adrien Brody, fez uma ótima atuação, premiada com o Oscar, transmitindo no inicio a sensação de esperança que tudo vai acabar bem e depois vemos ele definhando enquanto se esconde e passa fome. No final do filme inclusive temos algumas cenas cômicas de Szpilman com um lata de comida que lembram as cenas com o esquilo do A Era do Gelo e sua noz, que ajudam a tornar mais ameno o clima do filme.

Embora seja um filme bem triste, O Pianista não apela em nenhuma momento, fala sobre o sofrimento dos judeus durante a guerra sem nunca colocar um campo se concentração em cena, o público se sente mal por tudo que ocorre, pois o sofrimento é constante mas não tem nenhum momento que vise levar o público as lágrimas. Os que gostam do tema encontrarão um grande filme sobre a ocupação nazista na Europa, e os que acham que o tema já foi amplamente explorado devem gostar dessa outra forma de se contar a historia.  




Ficha:
O Pianista 

Nome Original: The Pianist
Diretor: Roman Polanski
Elenco: Adrien Brody, Emilia Fox, Michal Zebrowski.
Idioma: Inglês e Alemão
Estréia: 25/09/2002 (07/03/2003 no Brasil)
Prêmios:  Oscar de Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Indicado a Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Montagem.
Cena: Quando Wladyslaw Szpilman é retirado da fila do trem.
Frase: " Eu sou..Eu era um pianista "
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0253474/

1 comentários:

Profa Thaís disse...

O filme é realmente sutil, sem apelar para o dramalhão em nenhum momemto. A cena da lata é muito boa, porque mostra como pequenas coisas são capazes de fazer uma pessoa manter a esperança. E só a senhora da lição de moral não conseguiu entender isso...

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