terça-feira, 8 de junho de 2010

A Onda


Será que é possível outro governo totalitário na Alemanha? Dennis Gansel nos faz pensar que sim.




Como o povo alemão aceitou o Nazismo? Ou então como os nazistas conseguiram enganar o povo alemão fazendo eles acreditarem que aquilo era bom? Em 1967 na Califórnia, mas precisamente na Cubberley High School, o professor de História Ron Jones foi confrontado por seus alunos em busca de respostas de como o Nazismo consegui chegar onde chegou se é tão "fácil" perceber sua maldade. Como forma de responder a isso ele cria a "Third Wave" (http://www.ronjoneswriter.com/wave.html), uma experiência onde ele procura demonstrar a seus alunos como tudo ocorreu.

O filme A Onda, recria a história dessa experiência trazendo a para os dias atuais e novamente para a Alemanha, numa referência aos 70 anos do ataque alemão a Danzig na Polônia que deu inicio a Segunda Guerra Mundial.

Rainer Wenger (Jürgen Vogel), professor secundário, roqueiro e com tendências anárquicas, descobre que terá que dar o curso especial sobre autocracia e não sobre anarquia como desejava. Logo na primeira aula vemos a dificuldade que é discutir os regimes totalitários na Alemanha, tem a questão de somos culpados pelos crimes de nossos pais? Podemos ter orgulho de nosso país hoje? Na discussão logo chegamos ao ponto de alguém afirma que isso nunca mais acontecerá na Alemanha, que eles já aprenderam a evitar outro Nazismo. Isso motiva Rainer a durante o curso simular um regime totalitário.

Primeiro instaurando uma rígida disciplina, exigindo ser chamado de senhor, que os alunos mantenham uma postura ereta e que para falar peçam permissão além de terem que ficar de pé e sem concisos ao falar. A segunda etapa, o chamado Poder pela Comunidade, começa com ele mostrando que unidos os alunos são mais fortes que separados, pedindo que todos marchem juntos na sala e vejam o impacto, o barulho, que o coletivo causa, além de demonstrar outra característica dos regimes totalitários, o inimigo estrangeiro, a marcha servia para atrapalhar a aula de anarquia que se realizava logo abaixo. Rainer também muda a localização dos alunos na sala de forma que os grupos fiquem separados, uma forma de diminuir a resistência ao novo regime e aumentar a necessidade de se criar novos laços. É interessante a idéia de permitir que os alunos colem numa forma de mostrar que juntos eles teriam uma produção, notas, maior que das outras turmas. A terceira etapa é a adoção dos símbolos; Uniformes, eliminando a individualidade, sem mais roqueiros, mauricinhos, góticos, etc. e sim apenas um comunidade unida de camisas brancas. Nome, todos agora são A Onda. E sua saudação agora todos podem identificar rapidamente os do grupo e os que não são. 

Nesse momento começamos a ver que as coisas estão saindo dos eixos. Karo (Jennifer Ulrich) sofre perseguição de seus colegas ao deixar o grupo. Tim (Frederick Lau) queima suas roupas antigas e faz um site para Onda com temas bélicos. No entanto a vida dos jovens parece melhor, os que antes eram marginalizados encontram seu lugar no grupo, os que tinham dificuldades para se expressar agora são ouvidos, todos se sentem bem em fazer parte da Onda e decidem sair pelas ruas espalhando o símbolo de seu grupo por toda a cidade. Mas uma das principais mudanças ocorre com Rainer, que acaba se embriagando com a sensação de ser o grande líder e não consegue ver que aquilo já tinha passado do limite. 

Karo, após ver seu irmão impedindo que as crianças que não fazem a saudação da Onda entre na escola, decide lugar pelo fim do grupo, já que Rainer ignorou seus pedidos. A cena onde ela cria um manifesto contra a Onda e tenta enviar a todos os alunos foi muito bem dirigida, fazendo você sentir toda a sensação de clandestinidade na ação da garota. Isso leva a garota a mais conflitos com o grupo e principalmente com seu namorado.

Rainer, infelizmente se da conta apenas quando tudo já esta fora de controle e muitos erros já foram cometidos e decide que é hora de acabar com aquilo. O final é de certa forma previsível visto que os fatos da história não deixam brechas para que algo bom ocorra.

A Onda é um filme que me agradou muito, uma forma diferente de abordar o Nazismo, usando exemplos atuais e mostrando que são pequenas ações simples que podem levar as pessoas a seguirem um grupo de forma cega. Jürgen Vogel, Rainer, e Jennifer Ulrich, Karo, fazem muito bem seus papeis fazendo com que você sinta toda a mudança no Rainer e os sentimentos de rejeição que Karo passa.

Recomendo muito que vejam essa filme, pois da uma visão interessante sobre o que esta ocorrendo no mundo hoje, o Ato Patriótico nos EUA, o cerco israelense a Gaza, os plebiscitos de Chaves para se manter no cargo e afins.



Ficha:
A Onda

Nome Original: Die Welle
Diretor: Dennis Gansel
Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich.
Idioma: Alemão
Estréia: 13/03/2008 (21/08/2009 no Brasil)
Prêmios: Prêmio do Grande Juri do Festival de Sundance.
Cena: A aula de sábado.
Frase: " A Onda é a minha vida "
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1063669/

7 comentários:

Profa Thaís disse...

O filme mostra como todos podemos nos comportar de uma maneira que nunca imaginamos quando nos deixamos levar pelo que parece certo, mais fácil e melhor sem questionarmos o impacto de nossas ações em outros e quando consideramos somente o que nosso grupo (país, religião, etc) certo e todo o restante do mundo errado.

Anônimo disse...

é um filme otimo!
em varios momentos, virei facista durante o filme, pois ele nos deixa louco.

Striker disse...

Parece muito interessante o filme, vou ver! Só um comentário off-topic: os brasileiros já são manipulados pelo governo e pela imprensa há décadas e ainda não se deram conta disso. Vejo a manipulação de massas o maior perigo que existe atualmente. Pessoas aceitando, sem questionar, o que lhes é passado por políticos, imprensa, líderes religiosos... Todos os brasileiros deveriam assistir esse filme para ver se, finalmente, abrem os olhos.

Galvam disse...

Não seria uma refilmagem de um filme norte-americano do inicios dos anos '80, feito para a televisão estrelado com o ator Bruce Davison(Senator Robert Kelly em X-Men)no papel do professor?

Insone disse...

@SEULLUNGA

Sim e não, o The Wave, que você citou, e o Die Welle são baseados no mesmo livro/fato. Mas pelo que eu apurei da produção do filme eles só usaram o livro, o professor que fez a experiência foi consultor da produção de Die Welle, nunca recorrendo ao filme americano.

Assim não citei o The Wave no meu texto, pois não considero que houve um remake, apenas dois filmes baseados no mesmo livro. Para ilustrar minha ideia, Drácula de Stoker seria um remake de Nosferatu? Eu acho que não.

Anônimo disse...

ja assisti esse filme é muito bom, quem não viu veja vale a pena. e mostra tambem como a palavra tem poder. (vi esse filme na aula de redaçao cujo tema era o poder da palavra xD. o filme mexe bem com a nossa cabeça mais no final você vê o que ele realmente quer dizer.

Anônimo disse...

Ah! os "fascinantes fascismos..."
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http://keltos.wordpress.com/2009/10/03/fascinantes-fascismos/

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