segunda-feira, 21 de junho de 2010

Minha Bela Dama


Audrey Hepburn revela como seu modo de falar, fala muito sobre você..

Minha mulher é uma fã do trabalho de Audrey Hepburn, grande atriz de Bonequinha de Luxo , A Princesa e o Plebeu entre outros clássicos do cinema. Vendo sua coleção de DVDs decidi assistir o ganhador de 8 Oscar, o Minha Bela Dama (My Fair Lady), um musical sobre um professor e uma vendedora de flores.

O filme se inicia com Eliza Doolittle (Audrey Hepburn) tentando vender suas flores na saída da opera, quando um amigo diz que um homem escreve tudo que ela fala. Pensando que era um policial e que iria ser presa a jovem começa um tumulto, nisso o professor Henry Higgins (Rex Harrison) revela não ser um policial e sim apenas um estudioso da língua inglesa, mais precisamente de fonética. Sem entender nada Eliza continua a berrar, atraindo a atenção de outro estudioso de línguas Hugh Pickering (Wilfrid Hyde-White) que calmamente tenta explicar que Henry não ira fazer mal a garota. Nessa cena vemos a brilhante explicação de Higgins, que a diferença de classes não está nas roupas, nas posses e afins e sim no seu modo de falar. De um lado o Higgins e Pickering sempre ouvindo e falando calmamente de outro temos Eliza, que tenta "vencer a discussão" pelo volume e não pelo conteúdo, falando sempre gritando e emitindo diversos grunhidos. A música dessa cena "Why Can't the English?" é uma das mais inteligentes do filme.

Nisso os dois eruditos vão embora e temos algumas cenas para explorar um pouco a personagem Eliza, uma jovem sem modos que vende flores na rua para sobreviver e que é explorada por seu pai, Alfred P. Doolittle (Stanley Holloway), um alcoólatra vagabundo. No entanto as palavras de Higgins ficam na cabeça da jovem, que deseja uma vida melhor.

Na manhã seguinte Eliza se dirige a casa do professor Higgins desejando o contratar para lhe ensinar a falar. Higgins que na noite anterior disse que em seis meses poderia fazer a florista de rua se passar por uma rainha, é desafiado por Pickering a concretizar sua afirmação, como todo homem que escuta um "duvido que você " logo aceita a aposta decidindo educar Eliza. A música dessa cena revela a misógina de Higgins, "I'm an Ordinary Man" canta a influência negativa que uma mulher tem na vida de um homem. 

Ao saber que sua filha está morando com Higgins, Alfred decide fazer seu papel de pai, ou seja tirar algum dinheiro dessa situação. O encontro dos dois é muito interessante, Alfred se mostra um mestre da retórica, digno de um político, e acaba vendendo sua filha por cinco libras, nem um centavo a mais nem a menos. A musica de Alfred "With a Little Bit of Luck" é a mais divertida do filme.

O filme prossegue com Higgins ensinando Eliza a falar através de diversos exercícios fonéticos sem muito sucesso. Porém de uma hora para outra a garota começa a acertar, entendo que o foco do filme é a transformação da garota e não o seu treinamento, mas achei que poderiam ter deixado mais gradual o processo. As músicas dessa parte são mais focadas na relação dos personagens, "I Could Have Danced All Night" demonstra o interesse romântico que aparece por parte de Eliza.

Feliz com o progresso da garota, Higgins decide que é hora de a levar ao mundo real e testar sua mudança, levando a garota para ver uma corrida de cavalos junto a alta sociedade. No entanto falar corretamente não é o único requisito para manter uma boa conversa, e como é comum aos que pouco tem a dizer em vez de se calar acabam falando mais que deviam. Na falta de outros assuntos Eliza acaba falando sobre o alcoolismo de seus pai e da trágica morte de sua tia, desagradando os demais presentes. Mesmo com o fracasso inicial Higgins se mostra confiante em que tudo estará pronto ate a recepção do embaixador, prazo final da aposta.

My Fair Lady é um ótimo filme, os que não gostam de musicais, grupo onde eu me incluo, podem assistir sem grandes problemas, não é nenhum Evita , onde tudo é cantado. Ele tem menos interrupções para suas partes musicais que por exemplo Sweeney Todd , no entanto elas são mais marcantes apresentando inclusive alguns momentos de dança no estilo da época, como em Cantando na Chuva .

Além da mensagem inicial da diferença social se manifestar pelo modo que a pessoa se expressa, que possivelmente todos tem historias para contar confirmando a veracidade dessa afirmação, outro detalhe é bem explorado a dualidade de Higgins e Pickering. Enquanto o primeiro embora altamente letrado não é nada educado o segundo por sua vez trata todos com a maior cordialidade. Como a própria Eliza fala, " a diferença de ser a florista ou a dama não é como falo e sim como me tratam, para Higgins serei sempre a florista já para Pickering sempre fui uma dama". 

As atuações são muito boas, é legal ver como os atores dessa época eram muito completos, sabendo atuar, cantar e dançar. Audrey Hepburn é perfeita tanto como a gritante florista, que fez lembrar muitas voltas para casa com pessoas gritando como suas vidas eram para todos que no ônibus se encontrassem, e como uma dama no final do filme. Rex Harrison mereceu seu Oscar, pela atuação como professor Higgins, o total desapego social é muito bom. Outro que faz muito bem seu papel é Stanley Holloway, com o alcoólatra e aproveitador Alfred, suas participações são sempre muito boas. 

Tecnicamente o filme é perfeito, merecendo todos os Oscar que ganhou. A fotografia é muito boa, os figurino idem e a montagem não deixa nenhum buraco que poderia atrapalhar a trama.

Finalizando My Fair Lady é um filme que além de uma boa lição, tem boas musicas, bons atores em bons personagens, enfim é um ótimo filme. Seu único defeito é ser muito longo com quase 3 horas. Produzido num tempo onde as sessões de cinema tinham intervalo no meio do filme, inclusive no DVD tem um curta pausa para o intervalo. Porém serão boas 3 horas.



Ficha:
Minha Bela Dama

Nome Original: My Fair Lady
Diretor: George Cukor
Elenco: Audrey Hepburn, Rex Harrison, Stanley Holloway, Wilfrid Hyde-White.
Idioma: Inglês
Estréia: 25/12/1964 (Não encontrei o lançamento no Brasil)
Prêmios: Vencedor do Oscar de Melhor Ator (Rex Harrison), Direção de Arte, Fotografia, Figurino, Diretor, Melhor Música, Melhor Som e Melhor Filme. Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Stanley Holloway), Melhor Atriz Coadjuvante (Gladys Cooper), Melhor Edição e Melhor Roteiro Adaptado.
Cena: O encontro inicial de Eliza e Higgins.
Frase: " Um mulher que emite sons tão desagradaveis e deprimentes não tem o direito de estar em lugar nenhum. Não tem o direito de viver.  "
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0058385/

1 comentários:

Profa Thaís disse...

Um dos melhores filmes que eu já vi! Divertido mas de uma maneira inteligente, diferente do padrão das comédias românticas atuais.
Vc citou o Cantando na Chuva... quando vai fazer um post sobre ele?

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